Brasil recupera 27 milhões de hectares de pastagens e eleva produtividade em oito anos

A pecuária brasileira está mais qualificada e produtiva utilizando a mesma área ao longo dos últimos 20 anos. A confirmação veio de dados apresentados pela diretora do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação na Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação (SDI) no Ministério da Agricultura, Mariane Crespolini, durante o Workshop do Programa Carne Angus realizado na noite desta segunda-feira (06/09) durante a Expointer, em Esteio (RS). “O rebanho aumentou muito mais do que a área de pastagens. A gente passou a produzir mais carne na mesma área. A explicação é: inovação, tecnologia e manejo”, justificou. Segundo ela, só entre 2010 e 2018, houve recuperação de áreas degradadas com melhoria confirmada em 27 milhões de hectares no país. Esse trabalho, alega ela, pode ser estimulado pelo próprio governo por meio do Plano Safra.

Segundo Mariane, o fenômeno ganhou corpo a partir dos anos 2000, quando a curva ascendente e proporcional entre área de pastagem (ha) e cabeças produzidas se distanciou. “Isso mostra que o volume de animais produzidos no Brasil aumentou muito mais do que a área utilizada. Mas mais do que isso, ganhamos em qualidade”, completou a gerente Nacional do Programa Carne Angus, Ana Doralina Menezes. O Programa Carne Angus Certificada segue a tendência de aumento de produtividade. No primeiro semestre de 2021, o volume de animais certificados cresceu 4% em relação ao mesmo período do ano passado. Expansão que, justifica ela, revela que o produtor está cada vez mais atento, adequando e intensificando seu sistema, assim como buscando produzir animais jovens e carcaças bem acabadas, o que resulta na entrega de uma carne de qualidade ao consumidor. “É muito importante essa conscientização dentro de todos os elos da cadeia. E a sustentabilidade não é diferente. Ela é uma questão de consciência e de buscarmos qualificação”, acrescentou durante o evento comandado pela agroinfluencer Camila Telles.

Segundo Ana Doralina, a sustentabilidade também deve ser observada pelo ponto de vista social e econômico. Nesse sentido, o Selo Sustentabilidade – lançado em 2018 – veio para que conseguíssemos mostrar ao consumidor tudo o que se faz dentro da porteira. De acordo com o presidente da Angus, Nivaldo Dzyekanski, a Associação vem trabalhando para contribuir com uma pecuária cada vez mais sustentável, uma vez que duas importantes parcerias com a Embrapa foram assinadas durante a Expointer. “Para fazermos uma pecuária de futuro, nós precisamos pensar no presente, planejar, pesquisar, e é por isso que nós da Angus investimos em pesquisa. Para fazer a pecuária do futuro com sustentabilidade”, destacou. O vice-presidente do Programa Angus Certificada, Milton Martins Moraes Filho completou: “Sustentabilidade é um tema que vem sendo demandado pelo produtor”. A demanda foi alvo da fala do pesquisador e chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso. “Trabalhamos para a sociedade brasileira, mas os nossos grandes parceiros são os produtores rurais, é com eles que a gente trabalha. Não trabalhamos para eles, mas com eles para produzir e entregar esses alimentos que a sociedade tanto precisa”, afirmou

Um exemplo de sucesso e zelo com o meio ambiente vem da Fazenda Pulquéria, de São Sepé (RS). O criador Fernando Costabeber defende que os produtores invistam para fazer o que for necessário para proteger o seu bem maior: o solo. “Os animais acabam caminhando, criando trilhos e provocando uma erosão com as chuvas. É um custo que tem que se fazer para preservar o maior patrimônio que todos nós temos que é o solo. Esse é o maior patrimônio. O nosso solo tem 3,5 milhões de anos para ser formado, isso tudo era rocha, e essa rocha, por ação de bactérias, virou esse solo maravilhoso e o primeiro dever que nós temos é fazer o possível para preservá-lo”, destacou.

Durante sua participação no debate, o presidente do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) e vice-presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), Caio Penido, lembrou que o produtor tem que estar preparado. “Acho que é importante o protagonismo dos produtores assumindo esse discurso junto com outras instituições porque vai ser uma fonte de renda a mais. Os serviços ambientais são serviços prestados pela biodiversidade que já está dentro das propriedades. Hoje, mais de 20% do território nacional é biodiversidade dentro das fazendas, essa biodiversidade presta serviços. Nosso desafio é mensurar isso, precificar e isso se tornar mais uma fonte de renda para o produtor”, informou.

O gerente de Fomento da Angus, Mateus Pivato, ponderou que a raça Angus é precoce e ideal para fomento à sustentabilidade. “Em 2020, passamos de 7 milhões de doses comercializadas de sêmen Angus, isso tudo principalmente no cruzamento industrial, o que é um grande orgulho e que nos mostra que esse também é um dos caminhos para buscar a sustentabilidade, além do manejo que foi tanto falado durante o evento”, afirmou.

Foto: Carolina Jardine

Angus na Expointer 2021
A Associação Brasileira de Angus participa da Expointer 2021 com 128 animais inscritos (64 exemplares de argola e 51 rústicos Angus e 5 de argola e 8 rústicos da Ultrablack). Em um ano de retomada, a raça volta ao Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS), com programação presencial e virtual, que inclui julgamentos, encontros técnicos e debates. A Associação fará a transmissão dos julgamentos e eventos ao vivo pelo seu canal no YouTube (www.youtube.com/user/Brasilangus) e pelo seu Facebook (www.facebook.com/associacaobrasileiraangus).

A Angus conta com a parceria permanente da Genex e da Socil e, na Expointer, com o patrocínio da Decoy, Neogen e Elanco e apoio da Solução Genética, Allflex e da Azevedo Bento.

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