Desbravando fronteiras

Líder absoluta no mercado doméstico de venda de sêmen desde 2013, a Angus vem pavimentando o caminho ano a ano para se consolidar como exportadora de material genético da raça. Em 2018, as exportações nacionais da raça chegaram a 5,8 mil doses, segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). Para 2019, a expectativa é de crescimento de mais de 150% em relação ao ano anterior. “A Angus tradicionalmente importa genética de países como Estados Unidos, Argentina e Canadá. Nos últimos anos, porém, as exportações de material genético para países como Angola, Bolívia, Colômbia, Paraguai e Equador vêm crescendo”, afirma o gerente de fomento da Angus, Mateus Pivato. Ele explica que os criadores desses países buscam o material genético brasileiro devido ao trabalho de seleção nacional para sistemas de produção similares. Nesses países, como no Brasil, o cruzamento industrial tem um papel relevante na pecuária. “Quando começam a ver o resultado do uso da genética brasileira no plantel, os produtores comprovam o que já vemos no campo aqui no Brasil: basta dar condições que o animal produz de forma impressionante”, acrescenta Pivato.

E tem gente de olho nas potencialidades desse mercado. Depois de 20 anos de atuação, a Zebu Fértil, de Campo Grande (MS), fez as primeiras exportações de sêmen Angus no segundo semestre deste ano para clientes do Paraguai. A empresa conta com seis touros Angus e espera ampliar os negócios com o país vizinho, onde montou uma estrutura para distribuição. “Nossa perspectiva é de crescimento de 15% a 20% no ano que vem”, estimou o médico veterinário Ney Conty.

Um dos criadores de Angus que vem exportando a genética de seus animais com a empresa é o criador Fábio Ruivo, da Cabanha Recalada, de Capão do Leão (RS). Ele confia na qualidade da produção nacional e garante: há espaço para a genética brasileira fora da América Latina. O sêmen do touro Don Laboro tem ido para o Paraguai e para os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Quem também viu seus animais valorizados em função desse novo mercado foi o criador Francisco Azambuja Amaral, da Estância Três Marias, de Santa Vitória do Palmar (RS). A propriedade, que tem 70 anos de tradição na lida com rebanho comercial, investe na seleção de genética Angus há 10 anos e garante entusiasmo com as possibilidades que se abrem para a raça. Atualmente, o touro Três Marias 171 Priority, apelidado de Conversor por seu bom desempenho na produção carniceira,  está em coleta na Crio – Central Genética Bovina. O animal foi comercializado por Amaral em 2018 para investidores, que garatiram a comercialização de seu sêmen ao mercado externo. “Por muitos anos, a gente buscou genética de fora. Agora, estamos abrindo possibilidades para mercados tão promissores quanto o Paraguai graças à oferta de animais como o Conversor que é funcional e focado na rentabilidade e produção de carne.” O segredo para figurar no seleto grupo de reprodutores que estão espalhando a genética Angus na América Latina é a precisão das informações. Segundo Amaral, o touro recebeu atenção principalmente devido ao fato de ter ficado no grupo de elite do teste de Eficiência Alimentar realizado em 2018 pela Associação Brasileira de Angus e Ufrgs.  “Temos aqui um movimento que valoriza o indivíduo, não olha apenas para o registro e avalia seu desempenho a campo”, constatou o criador. “Tudo isso é muito gratificante porque se tem certeza de que o trabalho que está sendo desenvolvido está tendo a orientação correta e que temos o produto que o mercado quer.”

Uma das vantagens dos embarques de genética Angus para países vizinhos é o preço. Segundo Conty, enquanto as doses no Brasil são negociadas entre R$ 17,00 e R$ 25,00, os preços do Paraguai, por exemplo, oscilam entre US$ 5 e US$ 15 (R$ 20,00 e R$ 60,00). Ele afirma que, além da competitividade dos preços, a aposta na exportação de sêmen Angus é uma oportunidade de mercado em que há uma aceitação boa, devido à alta fertilidade da raça. Ele atribui o interesse crescente pelo material genético a uma série de fatores. “Há muitos brasileiros criando animais no Paraguai, e o país tem uma produção pecuária crescente com o aumento das exportações de carne bovina”, diz.

Você encontra esse e mais conteúdos do Anuário Angus 2019 aqui.

Crédito: Gabriel Olivera

0 comentários on Desbravando fronteiras