Mundo Angus de olho no rebanho latino
- Dia 27/03/2020
As pastagens do Uruguai foram ponto de encontro de criadores de mais de 25 países que se uniram em prol de um projeto coletivo: o desenvolvimento da Angus. Em um mix de sotaques de diferentes nacionalidades, o que se viu durante o World Angus Secretariat 2019 (WAS2019), no Uruguai, foram elogios aos avanços da pecuária da América Latina, que vem consolidando a seleção de um Angus de porte médio e altamente produtivo independentemente do sistema de criação. Gente que veio de longe para trocar conhecimentos, como o canadense Earl Scott, que, ao lado da esposa Debra, conferiu de perto a genética dos animais do Frigorífico Modelo, em Tacuarembó. “O Angus da América do Sul e o do Canadá são muito próximos, até porque muitas linhagens que usamos lá também são utilizadas aqui”, verificou o criador, que confia na expansão no uso da genética Angus ao redor do mundo. No Canadá, conta ele, 67% do gado comercial já tem sangue Angus, e a tendência é ganhar terreno. Trabalhando com seleção ao lado da família na pequena cidade de Crossfield, Scott tem 300 vacas puras e garante que o segredo de sua seleção está na busca de sêmen de touros melhoradores. Nesse trabalho, já esteve visitando central em Uberaba (MG), apesar de garantir que investe pesado mesmo é no sêmen norte-americano.
Um dos nomes mais aclamados internacionalmente, o criador australiano Don Nicol concorda que são visíveis os avanços dos rebanhos Angus latino-americanos. “As pessoas estão investindo em genética, usando DEPs e conscientes da importância desse trabalho que eleva a acurácia das estatísticas e reduz riscos. A genômica é um novo caminho”, indicou.
Entusiasta da Ultrablack e um dos primeiros pesquisadores e vir à América Latina falar sobre a nova raça, Don Nicol frisou a força que esses animais devem ganhar nos próximos anos no cruzamento com ventres F1, principalmente no Brasil. “Esse evento mostra que a Angus começa a reconhecer a força da sua carne ao redor do mundo”, disse, ao lado de colega John Bayly, da Nova Zelândia. Interação comemorada pelo presidente da Associação Brasileira de Angus, Nivaldo Dzyekanski. “Foi uma experiência incrível estar ao lado de criadores de renome internacional e ouvir tudo o que se está avançando na raça”.
Outro visitante de longe a participar do circuito foi Fred Zehetner, da pequena cidade de Wildendürnbach, na Áustria. “Os animais que vi aqui no Uruguai são fantásticos. São um pouco menores, mas altamente produtivos”, frisou, surpreso com a precocidade de abate. Empreendedor da pecuária, Fred veio em busca de novas ideias e disposto a degustar os melhores cortes da raça, mas confiante de que sabor é o diferencial da carne dos animais de seu criatório.
A busca pela excelência na terminação levou o pecuarista chileno Claudio Monsalves aos campos do Uruguai. Depois de 15 anos apostando na produção de terneiros Angus, ele quer informações para iniciar, já em 2020, a trabalhar com engorda. “Insemino 800 vacas ao ano. A Angus tem uma boa qualidade carniceira e está bem adaptada ao sul do Chile. Queremos crescer e viemos ver como se faz aqui”, pontuou, lamentando o fato de não existir no Chile processo de certificação de carcaças Angus como ocorre no Brasil.
A integração com os colegas do exterior é o grande aprendizado desses encontros, um processo que precisa ser estimulado até para prospecção de venda de sêmen brasileiro dentro do Mercosul, sugeriu o criador catarinense Nelson Serpa, que, ao lado da família, seguiu toda a programação do evento. “Reunir pessoas das mais diversas origens é fantástico. Aqui no Uruguai, vi o que gosto de ver: gado padronizado e muito harmônico”, completou o pecuarista de Uruguaiana (RS), Angelo Bastos Tellechea.
Você encontra esse e mais conteúdos do Anuário Angus 2019 aqui.

Crédito: Carolina Jardine
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