São Miguel do Oeste fecha circuito de palestras sobre a raça Angus em Santa Catarina

Mudanças climáticas, dificuldade para abrir campos destinados à pecuária, crescimento do cultivo de soja para a produção de biocombustíveis. Esses são alguns dos desafios que os pecuaristas enfrentarão nos próximos anos, garantiu o gerente de fomento da Associação Brasileira de Angus, Mateus Pivato, durante evento em São Miguel do Oeste (SC) na sexta-feira (17/8). O município foi o segundo do Estado a receber o Circuito Touro Angus Registrado, iniciativa da Angus para levar informações aos produtores rurais de diferentes regiões sobre a importância de investir em touros registrados. A ocasião ocorreu no parque de exposições Rineu Gransotto, com a presença de mais de 50 pessoas.

Segundo projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), só na região sul, a área destinada à produção de grãos aumentará aproximadamente 7,4% nos próximos 10 anos. “A grande responsabilidade de produzir proteína animal e tornar a atividade pecuária competitiva será dos produtores que investirem em tecnologias e integração sendo, desta forma, mais eficientes”, destacou o médico veterinário. Para encarar essa realidade próxima, uma das chaves é o melhoramento genético. “São as bases da pecuária: nutrição, sanidade, manejo e genética”, afirmou.

Nesse cenário, segundo Pivato, a raça Angus se destaca por suas características naturais, como habilidade materna, facilidade de parto, precocidade e variabilidade genética. Porém, não existe o melhor touro para todas as propriedades. “Cada pecuarista sabe como funciona o seu sistema de produção e o objetivo da propriedade”, garantiu. O que se deve buscar é a certeza de registro dos animais, para assegurar o desenvolvimento genético do rebanho. “Quem registra e faz seleção trabalha só com animais genealogicamente superiores”, afirmou.

A facilidade de lidar com animais Angus está ajudando no desenvolvimento da raça na região de São Miguel do Oeste, afirmou o produtor Joeferson Lazarotto, da fazenda Angus Morro Verde, de Santa Helena (SC). Para ele, a palestra foi importante para conscientizar os produtores a registrar seus exemplares. “Começamos a registrar há um ano, mas nos arrependemos de não ter feito desde o início, há 20 anos”, disse Lazarotto. Compartilhando da mesma ideia, Ricardo Grando, da fazenda SV, de Guaraciaba (SC), destacou que “por mais que você viva, estude e compartilhe informações, sempre vai ter algo a ser aprendido”. Para ele, o registro é fundamental para agregar ainda mais valor aos animais. “Qualidade se tem, o que não tem é informação. É como uma pessoa sem identidade: não é ninguém”, comparou Grando.

Carrapato é o principal causador de perdas na pecuária

O carrapato causa, todos os anos, prejuízos de US$ 3,23 bilhões à pecuária do Brasil. Já a tristeza parasitária, doença transmitida pelo carrapato, representa US$ 500 milhões de perdas. Os dados foram apresentados na segunda parte da noite pelo consultor da Elanco Ulisses Ribeiro. “Todos os países em zona tropical que produzem bovinos sofrem com o carrapato”, afirmou Ribeiro, destacando a capacidade reprodutiva das fêmeas do parasita, que pode produzir cerca de três mil ovos em vida. “Quem entender que o controle do carrapato é estratégico, já está dando um grande passo”, garantiu.

Sobre o manejo no rebanho, Ribeiro pontuou o detalhe de que há incidência de carrapatos no corpo dos animais de apenas 5% e os outros 95% se encontram no ambiente, em forma de larvas. Como alternativas de vencer o carrapato, o técnico sugeriu a realização de biocarrapaticidograma na propriedade, para avaliar qual químico deve ser utilizado, afim de combater a resistência aos princípios ativos. Nesse cenário, Ribeiro destacou o Fluazuron, químico de ação sistêmica, que deve ser usado preferencialmente na primeira geração de carrapatos, maneira estratégica de combatê-los. “Se eu perder na primeira geração para o carrapato, perdi o ano de produção”, concluiu.

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