Atenção na seleção de animais é a chave para rentabilidade
- Dia 22/06/2018
Touro bonito faz bem para os olhos, mas o touro bom agrega valor ao bolso do criador. Foi com essa premissa que o médico veterinário Flávio Montenegro Alves, inspetor técnico da Associação Brasileira de Angus, ministrou palestra sobre seleção em bovinos na tarde desta quinta-feira (21/6), durante a Exposição de Avaré, em Avaré (SP). Integrando o curso de seleção e registro da raça Angus, que reuniu cerca de 60 participantes, Alves abordou as características que merecem atenção dos pecuaristas na hora de escolher animais e montar seus rebanhos.
Conformação, musculatura, rusticidade, tamanho, precocidade sexual e de acabamento são os pontos importantes que devem ser avaliados nos exemplares. Entretanto, Alves destacou que é difícil achar um touro com todas essas características satisfatórias. “Nenhum jogador de futebol consegue jogar em todas as posições”, comparou, afirmando que o que se deve fazer é buscar animais que mais se aproximem do que se está procurando para o próprio rebanho.
De acordo com o inspetor técnico, conhecer geneticamente o animal é o principal objetivo da seleção, assim como integrar as características fenotípicas, avaliadas pelo exterior do exemplar, com as genotípicas, que passam de geração para geração. “Para trabalhar com seleção, é bom que se tenha quantidade, para conseguir avaliar com certeza”, indicou o inspetor.
Para fazer a seleção desde o nascimento dos exemplares, Alves recomendou alguns passos, como identificar todo o gado, controlar nascimentos, colocar brincos e anotar as datas, o sexo, o número da mãe e o peso. Segundo o médico veterinário, o manejo pós-nascimento deve buscar as condições mais naturais possíveis, para que o verdadeiro potencial genético se manifeste. A avaliação deve ser feita no desmame e no sobreano.
No desmame, o mesmo grupo de manejo deve ser separado por sexo, passar por jejum prévio e um avaliador deve realizar a atividade. “Só um olho pode avaliar os animais”, alertou Alves. Para cada animal avaliado, gera-se a diferença esperada na progênie (DEP). Todas as características geram uma DEP, que somam-se a um índice final. Os animais vão para um ranking, e os 10% melhores geram a chamada DECA -1, e os 10% inferiores, DECA-10.
A avaliação do sobreano deve levar em conta o peso e os escores visuais, que são as características fenotípicas que se busca num animal. Os exemplares passam pela avaliação de ultrassonografia de carcaças e, novamente, são geradas DEPs e DECAs. Apenas após todos esses processos se obtém o índice final, com a certeza de consistência genética, produtividade e rentabilidade ao produtor. “Acasalamentos entre bons reprodutores resultam em produtos com carcaças de qualidade no frigorífico e geram retorno para o produtor e para o consumidor, que compra carne de qualidade”, listou Alves.

Foto: Vitorya Paulo
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