Embarque de gado em pé aquece demanda por terneiros Angus no Brasil Central

O aumento do interesse de países Orientais por terneiros vivos vem aquecendo o mercado de bezerros no Brasil Central e fomentando o uso do cruzamento industrial para produção de animais meio sangue Angus. Um exemplo é a Agropecuária Leopoldino, um dos maiores grupos do Mato Grosso, que, neste final de semana, realizou mais uma edição do Mega Cruza, evento que reuniu palestras, Dia de Campo e terminou com a comercialização de 5.192 animais e média geral de R$ 1.416,60 no domingo. Realizado pela Estância Bahia Leilões, o remate atingiu valorização de R$ 1.431,48 por cabeça para a raca Angus. Para avaliar o desempenho do cruzamento Angus X Nelore na região, o corpo técnico da Associação Brasileira de Angus participou em peso da programação em encontro em Água Boa (MT), incluindo visitação à Fazenda Califórnia, que integra o conglomerado do grupo naquele estado.

Segundo o proprietário da Agropecuária Leopoldino, Abel Leopoldino,  a exportação de gado em pé alterou a oferta do remate deste ano uma vez que as cargas de maior peso foram vendidas nas semanas anteriores, restando lotes mais leves mas com amplo potencial de ganho de peso. “Neste ano, os navios levaram tudo”, comemorou o empresário que garantiu valorização diferenciada pelos bezerros cruza Angus remetidos aos turcos a cerca de R$ 7,00/kg.

Vacas Nelore com bezerros meio sangue Angus ao pé na Fazenda Califórnia, da Agropecuária Leopoldino, em Água Boa (MT)./ Crédito: Carolina Jardine

Uma das tendências verificadas neste ano na comercialização de bezerros, explica Leopoldino, é o interesse de empresários pela recria. “Alguns exportadores estão adquirindo lotes mais leves, fazendo uma recria rápida para mandar para o navio quando ele chegar”, frisou, pontuando que as negociações são ágeis e ocorrem geralmente quando os navios já estão a caminho do Brasil.

A conquista desse novo mercado pela pecuária nacional está atrelada diretamente às qualidades da raça Angus. Além dos diferenciais da carne, chama atenção a velocidade para acabamento. Segundo Leopoldino, os animais F1 Angus atingem o mesmo peso e acabamento de carcaça de bons exemplares Nelore, mas conseguem fazer isso um ano antes. A Agropecuária Leopoldino opera com 30 mil cabeças, sendo 15 mil matrizes (7,5 mil são 1/2 Angus), e vem atingindo índices de prenhez próximos a 80% em fêmeas F1 entre 12 e 14 meses. No Nelore, isso ocorre com 24 e pode chegar a 36 meses. “Muitas vezes se consegue desmamar dois bezerros de uma meio sangue Angus enquanto a vaca Nelore ainda nem emprenhou”, exemplifica.  “Nosso foco é no resultado financeiro da porteira para dentro”, completou o técnico da Angus que atende o projeto, Gustavo Ribeiro.  Convencido dos ganhos que a raça traz tanto ao consumidor quanto ao pecuarista, Leopoldino conclamou as centrais de inseminação pelo melhor aproveitamento de touros nacionais: “Gostaria de saber que, em breve, estaremos usando a genética das cabanhas nacionais, um sêmen mais adaptado ao Brasil”.

Além do investimento em genética, a atenção à nutrição animal foi outro ponto destacado pela empresa como essencial para obter os melhores resultados. O trabalho, comandado pela Nutron, integra criação a pasto e confinamento e tem como um dos focos a nutrição das fêmeas e melhor desfrute das carcaças uma vez que os bezerros estão muito valorizados em relação ao boi gordo. Sobre os diferenciais do Angus, o representante da região do Vale do Araguaia da Nutron, Rafael Maldaner, garante: tempo é dinheiro. “Qualquer coisa que com o mesmo volume de combustível ande 18% mais rápido é melhor”, comparou.

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