Amizade de longa data
- Dia 06/09/2017
Com um extenso caminho vivido na pecuária e após várias experiências na área, o inspetor técnico José Carlos Guasso, 51 anos, conseguiu chegar ao lugar que almejava. Sua carreira profissional, marcada por diversos destinos e propriedades, sempre teve a raça Angus presente. Natural de Nova Esperança do Sul (RS), Guasso, como é conhecido entre os amigos e colegas, criou relações com a lida no campo desde que nasceu, na propriedade de 40 hectares dos pais, que produzia gado apenas para o consumo da família. Ainda menino, ajudava o pai, Alziro Guasso, 84 anos, e a mãe, Zelmira Ana Sudati Guasso, 76 anos, em todas as funções da fazenda.
O avô também ajudou a influenciá-lo. Foi nos 600 hectares da Fazenda São José, no município de São Francisco de Assis, que Guasso desenvolveu ainda mais apreço à pecuária de corte. O contato durante as férias da escola com os 400 animais de José Guasso Sobrinho, seu avô já falecido, fez o caçula entre três netos ir pensando em seguir com a carreira de médico veterinário. “Eu ajudava no trabalho do dia a dia da campereada e já gostava”, conta.
Em 1981, com 15 anos, a família mudou-se para a cidade de Santiago, para ficar mais perto da faculdade das duas irmãs, que estudavam Letras e Educação Física. “Eu digo que me considero santiaguense. Fiz muitas amizades na cidade”. Guasso terminou o ensino médio e estava certo do curso que iria seguir. “Já fazia dois ou três anos que eu tinha certeza de que queria fazer Medicina Veterinária. Na verdade, eu nunca tive dúvidas”. Na primeira tentativa, não passou. Depois de um semestre de cursinho, em 1985, Guasso ingressou na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Durante a faculdade, sua ambição era diferente. O estudante pretendia seguir carreira na área da equinocultura, que estava em desenvolvimento do país. A reprodução animal, um dos muitos vieses da Medicina Veterinária, era a parte preferida de Guasso, tanto que foi monitor da cadeira em 1988. Para seguir o ramo, em 1989, fez estágio com o médico veterinário José Ivelton Catagna (Didi). O profissional prestava serviço à Cabanha Paineiras, de propriedade do já falecido Flávio Bastos Tellechea, na cidade de Uruguaiana, que tinha sistema completo de cria, com cavalos, ovinos e animais Angus.
Guasso formou-se médico veterinário em janeiro de 1990 e continuou trabalhando com a Cabanha Paineiras. Agora, de carteira assinada, como “suplente” de Didi. O trabalho foi se desenvolvendo rápido. Apenas 14 meses depois, em 1991, Guasso decidiu seguir outro caminho e voltar à cidade de Santiago, quando foi trabalhar como responsável técnico da Agropecuária Pereira Zago, por indicação do amigo Derlei Delevati. Cerca de cinco propriedades eram atendidas no Rio Grande do Sul e uma no Uruguai. “Eu passava a semana inteira viajando”.
Após o mesmo período de 14 meses, Guasso retornou à Cabanha Paineiras e assumiu o gerenciamento da propriedade em 1992. “Eu comecei a trabalhar e conhecer a Angus na Paineiras. Foi um grande aprendizado para mim”. Como era Guasso que cuidava das operações da propriedade, sempre estava em contato com os inspetores técnicos da Associação. “Era eu quem ligava e marcava com os técnicos para marcarem o gado”, lembra.
Os rumos novamente mudaram na vida do médico veterinário em 1997. O proprietário da Cabanha Catanduva, Fábio Luiz Gomes, desejava um profissional experiente para cuidar do desenvolvimento do plantel de 200 cabeças de gado Angus que estava iniciando, e fez a proposta a Guasso. Com isso, ele fez suas malas e seguiu em direção à cidade de Cachoeira do Sul, para gerenciar a criação.
Nesse ano, sua filha mais velha, Luiza, já tinha um aninho de vida. Hoje com 21 anos, cursa Arquitetura e Urbanismo. Guasso conta que Luiza pensou em seguir a veterinária, mas acabou estudando outra área. “Acho que ela não iria se dar tão bem na veterinária quanto está indo na arquitetura”. A outra filha, Lívia, tem 15 anos e ainda não sabe qual área seguirá. “Mas o que elas escolherem, eu apoio”.
Depois de sete anos, em 2004, quando o plantel da Cabanha Catanduva já tinha 800 cabeças, Guasso decidiu investir na carreira autônoma. Como tinha contato com diversos criadores, foi trabalhando com assessoria agropecuária das propriedades. Naquela época, a vontade de ser inspetor técnico da Angus aflorou. “Eu já me considerava da Angus porque tinha muito contato com a raça”, evidencia. O médico veterinário reuniu indicações de seis criadores e entrou em contato com a Dra. Susana Salvador, presidente do Conselho Técnico na época.
A investida foi certeira e, no mesmo ano, Guasso se tornou inspetor técnico da Associação Brasileira de Angus. Flávio Alves, o Flavião, foi quem apadrinhou o novato e o supervisionou no estágio com serviço de seleção de animais em Cachoeira do Sul. “Nosso trabalho é harmônico. Queremos que o rebanho cresça não só em quantidade, mas em qualidade”, pontua.
Para Guasso, estar inserido no quadro de inspetores técnicos da Angus é uma grande realização profissional. “Todo o trabalho e suporte que damos é importante, como o Programa Carne Angus Certificada, que leva rentabilidade aos criadores. Não adianta ter resultados sem ver dinheiro”. Pensando no futuro, o inspetor técnico já adianta: “Eu vou me aposentar com a medicina veterinária, mas quero continuar na Angus até quando eu tiver condições”.
Formação: Medicina Veterinária na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Natural de: Nova Esperança do Sul (RS)
Região de atuação: Santiago, Cachoeira do Sul, Glorinha, Restinga Seca, São Martinho da Serra, Rio Pardo, Caçapava do Sul, Encruzilhada do Sul, Ibirubá.
Qual foi a primeira vez que ouviu falar na raça Angus: Quando pequeno, quando ia nas exposições.
Há quanto tempo atua junto à Associação Brasileira de Angus: 13 anos
Uma receita infalível com carne Angus: Picanha ao ponto assada na brasa
Um rebanho inesquecível: Aberdeen Angus: ABN Agropecuária, Santiago (RS). Red Angus: Cabanha Catanduva, Cachoeira do Sul (RS)
Texto: Vitorya Paulo
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