Quatro décadas colecionando laços
- Dia 15/02/2017
A vida de técnico, tão farta de visitas aos mais longínquos campos, proporcionou muitas oportunidades a Tito Rubens Mondadori, 70 anos. Já se passaram mais de quatro décadas desde as primeiras inspeções. Tito é o técnico da Associação Brasileira de Angus em atividade há mais tempo. E não pensa em parar tão cedo pois é esta rotina que proporciona o prazer de colecionar amizades e histórias que brotaram e prosperaram nas pastagens que pisou.
O técnico recorda que, desde a época de guri, na propriedade da família, já observava os animais e pensava nas possibilidades que o melhoramento genético poderia oferecer. “Eu me questionava por que uma vaca era mais bonita que a outra”, exemplificou.
Logo depois de formado, na primeira turma do curso de Zootecnica da PUC de Uruguaiana, em 1969, Tito foi trabalhar com gado de cria, boi e ovelhas na Estância Flor do Barreto, com Breno Caldas, em Dom Pedrito (RS). Após cinco anos, retornou à estância do avô em Itaqui. Em seguida, ingressou na associação por indicação do amigo e médico Sani Silva, criador de Angus. Durante muitos anos, Tito foi o único técnico credenciado para fazer seleção da raça fora do Rio Grande do Sul.
Na década de 1980, testemunhou o que chama de “período de transformação” – momento de transição da raça para animais de maior porte e características de maior produção de carne. Nesta empreitada, pode contar com as relações de amizade estabelecidas com os cabanheiros das grandes estâncias criadoras de Angus, “mentores do melhoramento genético”.
Alguns anos mais tarde, em 1998, Tito resolveu ir para o Paraguai prestar consultoria, afastando-se temporariamente da função de técnico da Angus. Em 2007, ao deparar-se com uma notícia sobre o convênio da associação com o Marfrig para implementação do Programa Carne Angus Certificada, fez contato e resolveu retornar. Desta vez, foi para o município de Promissão (SP), auxiliar na implantação da iniciativa.
Nesta jornada, Tito foi presidente do Conselho Técnico da Angus e também ajudou a fundar os núcleos de criadores de Dom Pedrito, Santiago e São Borja. Ainda participou de julgamentos da raça na Expointer, de Esteio (RS), e em exposições no Paraguai e Argentina. “A associação sempre trouxe laços de amizades que eu não teria de outra forma”, ressalta Tito, ao comentar sobre o convívio bastante próximo com os criadores e também a relação com os colegas de associação, em especial Benedito Ferrareli e Helena Assis Brasil. “Tudo que eu pensei em fazer, nestes anos todos, eu fiz. O importante é fazer o que a gente gosta”.
Formação: Zootecnia/PUC
Natural de: Itaqui (RS)
Região de Atuação: SP, MT, MS, GO e MG
Qual foi a primeira vez que ouvir falar na raça Angus: Aos 12 para 13 anos, começou a despertar interesse pelos touros Angus na fazenda da família, pois eram os que melhor reproduziam.
Há quanto tempo atua junto à Associação Brasileira de Angus: de 1974 a 1998 atuou no RS. Após um período vivendo no Paraguai, retornou ao Brasil em 2007, desta vez para SP, para dar apoio de campo ao Programa Carne Angus Certificada
Uma receita infalível com Carne Angus: Assado de peito de Angus ou meio sangue em fogo de chão, tradicional nos campos da fronteira
Um rebanho inesquecível: Rebanho da Santa Mathilde, de Itaqui (RS), pelos índices de produtividade alcançados na década de 1990 levando em consideração as limitações tecnológicas da época. “Me deu certeza de ser a raça de carne de alta qualidade mais adaptada à produção do campo”, avalia Tito.
Texto: Bruna Karpinski
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