Pará dá inicio a abates do Programa Carne Angus Certificada

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Depois de aterrissar em terras paraense no final do ano passado, o Programa Carne Angus Certificada deu início, em maio, aos abates de forma permanente que devem resultar no processamento de 300 a 500 cabeças/mês neste primeiro ano. A ação, viabilizada por meio de parceria entre a Associação Brasileira de Angus e o frigorífico Frigol, já trouxe reflexo para a criação na região. E não foram poucos os pecuaristas que abraçaram o desafio lançado pela Associação Brasileira de Angus e deram um gás na terminação do rebanho na região para atender às demandas do programa. Prova disso foram os excelentes escores obtidos já no primeiro abate realizado entre os dias 9 e 13 de maio, nas plantas de Água Azul do Norte e São Félix do Xingu. A primeira semana de abate do Programa Carne Angus no Pará resultou em excelentes bonificações por qualidade, que chegaram a um adicional de até R$ 14,44 por arroba, como o caso de um lote de fêmeas da criadora Renara Hendges. O índice de aceitação no programa atingiu marca de 88%.

Outro pecuarista que está investindo na expectativa de ver seus lucros crescerem é Acir José Coelho, da Fazenda Novo Horizonte, em São Félix do Xingu. Proprietário de cerca de 3 mil cabeças, Coelho confia no cruzamento de vacas Nelore como Angus. “O começo é difícil porque muda muita coisa. É preciso adotar a inseminação e definir o ponto de abate. Mas vamos continuar”, pontuou otimista. Segundo ele, os principais desafios são os investimentos iniciais com mudanças no manejo e no fornecimento de ração para terminação do gado. Contudo, lembra ele, a equipe técnica do Frigol e da Associação Brasileira de Angus estiveram ao seu lado na implementação do projeto em visitas à propriedade.

A força desse novo pecuarista é vivida dia a dia pelo coordenador regional do Programa Carne Angus Certificada, Maychel Carvalho Borges. Segundo ele, os resultados desse primeiro abate foram espetaculares, superando todas as expectativas. “Recebemos animais muito bem acabados. É claro que há margem para melhorar, e os pecuaristas estão comprometidos em fazer acontecer”, pontuou. Prova disso foi o interesse de criadores e dos técnicos em nutrição e genética que estavam atentos aos resultados da linha de abate nos dias de trabalho no Frigol. “Estão todos unidos para encontrar o biotipo do animal do Pará”, pontua o coordenador, lembrando que, diariamente, não param de chegar perguntas e comentários pelo WhatsApp de criadores da região querendo saber mais sobre a Angus e como desenvolver sua criação. “Isso mostra que mesmo que a suplementação não faça parte da cultura do pecuarista do Pará, estamos no caminho certo. É possível fazer esse animal de qualidade, com carcaças de bom peso e grau de acabamento, aproveitando o excelente potencial do estado para produção de pasto de qualidade. Não existe essa história de que o clima não ajuda”, salientou. Borges.

O gerente nacional do Programa Carne Angus, Fábio Medeiros, ressalta que a região tem amplo potencial de expansão para a pecuária, principalmente levando-se em conta a disponibilidade dos criadores em assimilar novas tecnologias. “Oferecemos para eles em 2015 um modelo baseado em criação pastagens já usadas na região, com a introdução da técnica da suplementação. Eles concordaram na mesma hora e arregaçaram as mangas. Surpreendente a disponibilidade e interesse para com a raça”, pontuou Medeiros. Posição compartilhada pelo diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Guilherme Minssen. “Os criadores devem aumentar o número de matrizes inseminadas a partir de agosto de 2016, já nesta temporada de monta. As raças britânicas e chegaram no Pará para serem aliadas dos zebuínos”, pontua, lembrando que o estado tem 1.248.000 km², ou seja, 4,5 vezes a área do Rio Grande do Sul, onde pastam cerca de 21 milhões de bovinos. “A Carne Angus Certificada está iniciando no mercado e crescendo significativamente”, completou.

Expansão à vista nos abates do Frigol

O sucesso e as potencialidades do Programa Carne Angus no Pará já permitem ao Frigol projetar expansão das áreas de atuação no estado. Segundo o gerente de originação do Frigol, Danilo Gonzaga de Oliveira, o frigorífico está abrindo mercado nas regiões de Redenção e Santana do Araguaia em busca de novos fornecedores que lhe assegurem matéria-prima para ampliar os debates para níveis entre 1 mil e 1,5 mil cabeças dentro de 12 meses.
Frente ao resultado inicial dos abates, Gonzaga se disse surpreso com os bons escores das carcaças, muitas delas terminadas a pasto. “Ainda temos muito a desenvolver. Isso será conquistado com orientação e, para isso, vamos de fazenda em fazenda para visitar esses pecuaristas” , pontuou, lembrando que o investimento é baixo frente ao potencial de retorno que o Carne Angus oferece. “Os criadores ainda não estão acostumados a ver a suplementação não como um gasto mas como um investimento que vai aumentar a produção, o giro da propriedade, permitindo abate mais rápido”, ponderou.

A ação do Carne Angus no Pará teve início em outubro de 2015 com a assinatura do termo que marcou a inclusão das plantas do Frigol no programa. De lá para cá, foram realizados diversos encontros orientativos e visitas técnicas com pecuaristas da região para falar sobre terminação e os avanços da genética Angus. Também foram contatados os sindicatos rurais para estimular o fomento da atividade e realizadas visitas a criatórios.

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