Angus eleva produtividade da pecuária no Pará

Criadores ampliam cruzamento industrial com Angus no Pará Crédito: Guilherme Minssen/GMinssen Consultoria/Consultec

Criadores ampliam cruzamento industrial com Angus no Pará
Crédito: Guilherme Minssen/GMinssen Consultoria/Consultec

Com um rebanho de 22 milhões de cabeças de bovídeos, o quinto maior do país, o estado do Pará vem descobrindo na Angus uma fonte de aumento de lucratividade para a pecuária. Por meio de cruzamento industrial com zebuínos, a raça elevou produtividade e agregou qualidade ao acabamento de carcaça, o que já se reflete do início de uma movimentação da indústria para pagamento de bonificações. O ganho de produtividade é visto por especialistas como a melhor opção para uma região onde a expansão de área produtiva está limitada por reservas ambientais. “O Pará é um estado que tem forte pressão ambiental. Cada vez mais se busca animais mais precoces, que ficam prontos em menos tempo para se produzir mais e melhor”, pontua o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Guilherme Minssen, lembrando que apenas 24% da área do estado é utilizada e que os demais 76% são reservas.

Uma das propriedades que conquistou bons resultados ao optar pelo cruzamento é a atendida pelo técnico da Associação Brasileira de Angus e médico veterinário Antonio Francisco Chaves Neto. Ele conta que o criador concentra a cria na fazenda do Pará, mas leva seus animais para engorda e abate na propriedade que possui em São Paulo. Os abates acabam ocorrendo no Marfrig de Promissão (SP), onde ele obtém valores adicionais pelos animais entregues sob a chancela do Programa Carne Angus Certificada. “O interesse pela Angus está alto na região e vem aumentando”, pontua o profissional.

Cruzamento com o Angus concede a zebuínos mais precocidade, uniformidade e melhor acabamento de carcaça Crédito: Guilherme Minssen/GMinssen Consultoria/Consultec

Cruzamento com o Angus concede a zebuínos mais precocidade, uniformidade e melhor acabamento de carcaça
Crédito: Guilherme Minssen/GMinssen Consultoria/Consultec

Se no campo o conceito de alta qualidade já está ligado à Angus, movimento similar vem se replicando nas cidades paraenses, onde surge um varejo especializado em cortes diferenciados, o chamado mercado de boutique. “O consumidor está reconhecendo e usando a carne Angus como sinônimo de carne de qualidade”, complementa Minssen.

Atentos à valorização dos cortes Angus no Pará, frigoríficos vêm manifestando interesse em premiar carcaças de alta qualidade. O gerente do Programa Carne Angus Certificada, Fábio Medeiros, confia no sucesso da iniciativa no Estado, principalmente como uma forma de valorizar a produção local e dar aos criadores uma opção mais lucrativa do que a exportação de gado em pé, tradicional fonte de renda da pecuária local. Pensando nisso, a Associação Brasileira de Angus realizará workshop em Água Azul do Norte (PA) no próximo dia 25 de julho em parceria com o Frigol para destacar as potencialidades dos cruzamentos para valorização da carne. O encontro deve reunir criadores e contará com apresentação detalhada sobre a raça, políticas de bonificações e detalhes sobre o sistema de adesão ao programa Angus Beef Frigol.

Estimativas indicam que 68% do PIB do Pará está ligado à agropecuária, setor que também é a principal fonte de renda de metade dos municípios do Estado. Atualmente, a exportação do gado em pé representa uma fatia considerável da receita do setor. Em 2013, no ápice desse movimento, o estado chegou a remeter 680 mil animais para países como Líbano, Venezuela, Grécia e Itália. Os embarques caíram muito em funções de restrições e, neste ano, ainda não passam de 180 mil cabeças.

Entre as vantagens da criação de bovinos no Pará está a excelente oferta de chuvas, que chega a 3 mil milímetros por ano em algumas regiões. Isso, pontua Chaves Neto, contribui para a obtenção de pastagens tropicais perenes de alta qualidade. Criado a pasto, o chamado boi-verde do Pará tem excelente relação custo-benefício.

Os cruzamentos com Angus estão mais concentrados no Sul do Pará, na região de Marabá, mas também há polos de criação no Nordeste, nas imediações de Paragominas, e no Baixo Amazonas, nas proximidades de Santarém. O sêmen utilizado é adquirido das centrais que atuam por meio de distribuidores na região. A preferência é por produtos de animais provados e por empresas que ofereçam assistência técnica para a criação.

O consultor Adrovany Teixeira Cavalheiro, da Soma Consultoria e Gestão Agropecuária, concorda que os avanços do choque de sangue no rebanho do Pará são indiscutíveis para elevar a produtividade dentro de porteira. Ele conta que acompanhou caso de animais meio sangue em pastagens de braquiária com suplementação que obtiveram ganho de 1,11kg enquanto Nelore nas mesmas condições não passaram de 750g. O zootecnista pontua que, entre as vantagens da raça, também estão a boa adaptação às condições climáticas da região e a padronização dos bezerros, o que rende lotes uniformes e precoces.

Contudo, o consultor e mestre em Pastagens destaca que a opção pela cruza com o Angus exige atenção e um manejo eficiente para evitar o comprometimento da base de matrizes zebuínas sob o risco de prejudicar a qualidade das gerações futuras. “Hoje, ainda existe pouco critério para uso da Angus de modo a se ter boa longevidade do rebanho. É preciso planejamento e um trabalho que prepare as matrizes para receber o Angus”, alerta, pontuando a necessidade de critério zootécnicos claros para a definição das vacas que serão submetidas a IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo). O zootecnista reforça que a expansão dos investimentos na qualidade da produção ainda passa pela melhor remuneração por parte dos frigoríficos. “Esta é a proposta que estaremos apresentando em parceria com o Frigol no evento do dia 25 de julho. Mostraremos os padrões que são demandados pelo mercado, discutiremos como obtê-los e apresentaremos as premiações que a indústria oferecerá aos produtores participantes”, diz Medeiros.

1 comentários on Angus eleva produtividade da pecuária no Pará
onias ferreira dias
Pelo pouco que tenho lido,criar, recriar animais desta raça, cruzando-a com o nelore é a bola da vez,inclusive para os pequenos e iniciantes como eu.

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